IURI CASAES, na humildade e na disciplina, quando viu deixa pro mundo um desenho instigante para ele engolir.
Artista visual de múltiplas práticas, retiramos do blog do Ibeu uma entrevista de 2009, mas que ainda parece atual. Iuri faz a abertura da primeira HQ do Favo de Fel 2.
Entrevista fonte: http://ibeugaleria.blogspot.com.br/2009/09/2009-iuri-casaes-artista-premiado-na.html
Dentre os
artistas da coletiva Novíssimos 2009, Iuri Casaes foi considerado o
melhor expositor desta edição, recebendo assim, como prêmio, uma
exposição individual na Galeria de Arte IBEU em 2010, ano em que a
Galeria completa 50 anos de atividades. Acompanhe a entrevista de Iuri
Casaes para a Galeria IBEU:
-
É comum conhecermos o trabalho de um jovem artista por meio de
blogs/sites e até redes sociais. Ao pesquisarmos sobre você, encontramos
muitas referências a trabalhos no campo da ilustração e dos quadrinhos.
Conta um pouco dessa experiência pra gente…
Essa
experiência começou como leitor. Por proximidade mesmo. Galerias,
exposições, sempre foram mais distantes. Ilustração e quadrinhos são
muito parecidos, uma coisa remete à outra, e também é mais fácil de se
iniciar sozinho. Era o caminho mais previsível. Estudei um pouco de
comunicação e tive uma breve experiência como ilustrador de publicidade.
Depois, vim para o Rio e conheci a escola de Gravura. Optei por essa
formação.
- E como surgiu o interesse pela Gravura - e pela graduação em Gravura na Escola de Belas Artes - UFRJ?
Surgiu
quando conheci os ateliês de gravura da UFRJ, que é um lugar muito rico
de aprendizados. Faz pouco tempo. A característica de edição da gravura
tem a ver com ilustração e cartoon, então foi uma ligação fácil. Aos
poucos vi como ela faz pensar a imagem de outras maneiras, outras
possibilidades, a gravura responde diferente do desenho comum, isso foi
aumentando minha estima. Como o ateliê de gravura é coletivo, a
convivência com outros autores também é um dos meus principais
interesses.
- Voltando aos quadrinhos: Na série de gravuras apresentadas na coletiva Novíssimos 2009, é nítida a referência a um imaginário e estrutura próprios aos quadrinhos - principalmente no que diz respeito a narrativa, criação de personagens e construção de cenas. No entanto, tais narrativas (apresentadas em um conjunto de 8 gravuras) não se apresentam de modo linear, muito menos conclusivas, pois, enquanto conjunto, seu trabalho nos proporciona diversas leituras, e, ao mesmo tempo, em cada gravura da série encontramos todo um universo narrativo particular. Gostaríamos que você comentasse esse interesse pela construção narrativa em sua produção artística…
Tem
a ver com essas referências à ilustração e HQ. A idéia é essa,
descobrir caminhos que não sejam lineares nem conclusivos, ou seja, suas
possibilidades. Não deixa de ser uma leitura do próprio método, uma
referência ao seu processo construtivo. Ao esforço de pôr ordem nas
idéias. Tem mais a ver com a dúvida do que com a solução. Em “dos
camundongos reprogramáveis”, por exemplo, ocorreu de partir dum texto de
biologia. É difícil ler um texto de biologia sem pensar em Deus, mas
esse falava de manipulação genética nos ratos, que agora tem rato
fluorescente, rato que toca música, rato com mil utilidades, mas em
nenhum momento falava de ratos comestíveis e eu lembrei que tem gente
que come sariguê. E sariguê nem é roedor. Etc. Então, eu parti duma
coisa pronta para um estudo, uma série de imagens que, ironicamente ou
não, para interpretar um raciocínio, perderam a lógica. Na prática
funciona como um jogo de misturar algumas referências. É como se fosse
uma tentativa de organizar as coisas.
- Uma curiosidade: desenho/ilustração + gravura/impressão são breves referências ao Cordel e aos Zines. Você já participou de publicações do tipo? Faço referência ao Zine não apenas por sua reprodutibilidade + médio custo + fácil aceitação, mas por ser esta, hoje em dia, uma espécie de publicação um tanto rara e até desconhecida por muitos - visto que a praticidade + custo (quase) zero e alta difusão das publicações online são uma realidade (e também necessidade) pra qualquer jovem artista. Como você vê a internet neste contexto?
Já
participei. A internet é o lugar mais rápido de se publicar uma opinião
e fazer contatos, então o velho zine não tem mais aquela urgência de
existir. Continua existindo, e vai existir sempre como referência, mas
agora tem o blog, fotolog, etc. Mais velocidade, cor. Isso impõe outro
padrão de qualidade. Tem as tecnologias de impressão mais acessíveis. A
internet não prejudica quem quer imprimir uma revista ou fazer uma
xilogravura, pelo contrário. É uma ferramenta muito prática para a
comunicação dos fanzineiros, gravadores, para todos os grupos que se
achavam separados.
- Além do desenho e da gravura, você pesquisa ou tem interesse em pesquisar algum outro suporte/procedimento em sua produção artística?
Sim. Mas também a idéia de desenho e gravura pode se expandir.
- Quais os seus artistas de referência?
Atualmente são meus professores e colegas de trabalho.
- Você já tem planos para sua exposição individual na Galeria de Arte IBEU em 2010?
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